Por Keila Motta

Para iniciar nossa conversa, primeiro precisamos entender que o Desenho Universal não é uma tecnologia direcionada exclusivamente para as pessoas com deficiência, ao contrário, ela foi criada por uma pessoa com deficiência para todas as pessoas.

O conceito do Desenho Universal é, exatamente, evitar a necessidade de espaços, ambientes e produtos especiais para as pessoas com deficiência, possibilitando que todos possam utilizar com autonomia e segurança os diversos lugares, produtos e objetos.

TODOS, no sentido literal da palavra, que necessitam de acesso, seja físico ou digital, por conta de alguma limitação temporária ou definitiva. Assim, nos referimos aos idosos, às grávidas, às mães com carrinhos de bebês, às pessoas com mobilidade reduzida, aos obesos, às crianças, às pessoas com deficiência e muitos outros.

Por fim, o Desenho Universal é o processo de criar produtos e projetos que são acessíveis para todas as pessoas, independente de suas características pessoais, idade ou habilidades.

Os produtos e projetos universais abrangem uma escala extensa de preferências e de habilidades individuais e sensoriais dos usuários. O objetivo é que qualquer ambiente ou produto possa ser alcançado, manipulado e usado, independente, do tamanho do corpo da pessoa, sua postura ou sua mobilidade.

 

Quando tudo começou…

Você já ouviu falar no arquiteto americano Ronald Mace? O Ronald, mais conhecido como Ron, era usuário de cadeira de rodas e de respirador artificial. Foi ele quem criou a terminologia Universal Design em 1985. Ron acreditava que esse conceito não era o surgimento de uma nova ciência ou estilo de vida, mas sim, a mudança de percepção em que aproximava as coisas que projetamos e produzimos tornando-as utilizáveis por todas as pessoas.

Não sabemos se Ron tinha uma ideia futurista da criação dessa terminologia, mas ao criar um conceito que democratiza os espaços e ambientes com a utilização de equipamentos e serviços equiparou as pessoas nos valores da cidadania.

Na década de 90, o próprio Ron criou um grupo de arquitetos na Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, para estabelecer os princípios do Desenho Universal. Vale lembrar que no grupo também havia outros profissionais defensores destes ideais. Juntos estabeleceram sete princípios que, hoje, são adotados mundialmente para qualquer programa de acessibilidade plena.

São eles:

 

  1. Igualitário – uso equiparável

São espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades, tornando os ambientes iguais para todos.

 

  1. Adaptável – uso flexível

Design de produtos ou espaços que atendem pessoas com diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso.

 

  1. Óbvio – uso simples e intuitivo

De fácil entendimento para que uma pessoa possa compreender, independente de sua experiência, conhecimento, habilidades de linguagem, ou nível de concentração.

 

  1. Conhecido – informação de fácil percepção

Quando a informação necessária é transmitida de forma a atender as necessidades do receptador, seja ela uma pessoa estrangeira, com dificuldade de visão ou audição.

 

  1. Seguro – tolerante ao erro

Previsto para minimizar os riscos e possíveis conseqüências de ações acidentais ou não intencionais.

 

  1. Sem esforço – baixo esforço físico

Para ser usado eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga.

 

  1. Abrangente – dimensão e espaço para aproximação e uso

Que estabelece dimensões e espaços apropriados para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente do tamanho o corpo (obesos, anões etc.), da postura ou mobilidade do usuário (pessoas em cadeira de rodas, com carrinhos de bebê, bengalas etc.).
Fonte: The Center for Universal Design




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