Eduarda Emerick: Oi, sou Eduarda Emerick, tenho 25 anos, sou cega total, filha única e nasci com glaucoma congênito.

CVI-Rio: Muito prazer, Duda! Conte um pouco mais sobre você.

Eduarda Emerick: Bem, a gravidez da minha mãe foi muito tranquila. O sonho maior dela era ser mãe, então, ela botava música na barriga para eu ouvir, ela curtiu muito a gravidez. Quando nasci, eu era uma criança forte, com 49cm, toda cabeluda, moreninha, enfim, foi um bebezão, mas eu tinha um olho muito azul, mas não aquele azul bonito, era um azul em todo o olho, inclusive, a bolinha branca. Então, os médicos fizeram exames assim que eu nasci para descobrir o que eu tinha e a minha família tomou um susto na época quando soube que era glaucoma congênito. 

O glaucoma congênito nada mais é do que uma pressão alta nos olhos. Eu tinha que baixar essa pressão, então, tive que ir para uma mesa de cirurgia com apenas dois dias de vida. Eu nasci no dia 14 de fevereiro de 96, e no dia 16, eu fui para cirurgia. Graças à Deus a cirurgia correu muito bem porque eu era um bebê muito saudável e eu creio que isso ajudou muito, pois imagine se eu fosse um bebê prematuro, se eu fosse um bebê de 1kg seria muito mais difícil suportar a cirurgia. Bom, tudo correu bem e eu recebi alta.

Ao longo dos meus primeiros três anos de vida tive que fazer oito cirurgias para baixar a pressão nos olhos. Toda vez que a pressão disparava, eu tinha que ir para uma mesa de cirurgia, então, eu fiz cirurgia com 4 meses, com 8 meses, até 1 ano e meio. Quando completei dois anos, fiz um teste de córnea, e infelizmente, mesmo com toda a ajuda que recebi dos jogadores do Vasco que custearam toda a nossa passagem, estadia e moradia em Goiânia, mesmo assim, houve rejeição no meu transplante de córnea do olho direito, então, fiquei cega total do olho direito.

Já do olho esquerdo, fui baixa visão até os meus três anos, então, se meu brinquedo caía no chão, eu conseguia pegar, mas quando fiz três anos, perdi também a baixa visão e fiquei com a sensação de luz e claridade. Com três anos, toda criança já costuma ir para escola, sabe o nome das cores e aprende a desenhar, pintar, e eu ainda não tinha ido para a escola, até que um dia um amigo da minha mãe falou para ela que existia o Instituto Benjamin Constant, e lá ingressei no jardim de infância no início de 2001, aprendi a ler e a escrever em Braille, já o Ensino Médio estudei no Colégio Pedro II e fiz minha faculdade em Biologia na PUC-Rio.

Mas, minha infância foi uma infância comum. Independente de todas as cirurgias que fiz, minha mãe e avó sempre quiseram que eu fosse uma criança, então, brinquei normalmente. Eu tinha minhas brincadeiras, brincava com meus primos e amigos, eu fui uma criança muito feliz!




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